Foto: MONUMENTO NATURAL DA PEDRA FURADA
(junho/2024).
(junho/2024).
No período de um ano cerca de 6 milhões de pessoas visitam a Torre Eiffel, segundo o site oficial do monumento. Esse número está na mesma ordem de grandeza da quantidade de turistas estrangeiros que visitaram o Brasil em 2024, o que foi considerado o melhor ano da história de acordo com informação do próprio Ministério do Turismo.
Como pode um único ponto turístico na França (na minha opinião muito desinteressante por sinal), receber mais visitantes do que um país inteiro de dimensões continentais com as belezas e a diversidade natural e cultural do Brasil?
Só me vem uma palavra à mente: amadorismo.
Quanto mais eu ando por esse mundão que é o Brasil, mas eu fico impressionado com a quantidade de lugares lindos, interessantíssimos e muito bem estruturados dos quais a grande maioria da população sequer ouviu falar. Um desses lugares é o Parque Nacional Serra da Capivara.
O PN Serra da Capivara fica no sudeste do Piauí a cerca de 500 km de Teresina e 350 km de Petrolina/PE e é o maior sítio arqueológico com pinturas rupestres ao ar livre do mundo, declarado pela UNESCO como patrimônio da humanidade!
Os estudos dessas pinturas ao longo de muitas décadas, encabeçados pela incrível pesquisadora franco-brasileira Niède Guidón, desafiou a teoria de como o ser humano chegou à América do Sul, propondo algo completamente diferente à trajetória exclusiva a partir do estreito de Bering.
As datações de objetos, fósseis e restos mortais de antigos habitantes da região são incompatíveis com a linha temporal dos deslocamentos do ser humano a partir do hemisfério norte. A hipótese é que tendo em vista a profundidade do oceano Atlântico ter sido centenas de metros inferior à dos dias atuais, o trajeto entre a África e o norte da América do Sul, região do Nordeste brasileiro, era facilitada pela existência de uma cadeia de ilhas imensa que permitiriam o deslocamento pelo mar.
Dois museus espetaculares dão conta de nos mostrar todas as evidências sobre essa hipótese e muito mais: o Museu do Homem Americano e o Museu da Natureza.
À parte da indiscutível importância arqueológica da Serra da Capivara, o Parque é um prato cheio para a fotografia, seja de paisagem, noturna ou documental. As caminhadas em busca das tocas com as pinturas rupestres abundantes no Parque são coroadas por cenários indescritíveis pela caatinga, com formações geológicas impressionantes e fauna peculiar.
O principal monumento de visitação no Parque é o Monumento da Pedra Furada, assunto dessa fotografia. O clima seco e a baixíssima poluição luminosa do entorno permitem resultados extremamente satisfatórios na astrofotografia.
Nessa foto, temos o centro da Via Láctea ao lado direito da Pedra Furada, onde conseguimos ver a constelação do escorpião com a belíssima estrela Antares, bem amarela e brilhante. Uma super gigante vermelha cerca de 800 vezes maior que o nosso Sol!
Um pouco à direita do centro da imagem temos duas estrelas muito brilhantes, azul e amarela: Alpha e Beta Centauri, sendo que Alpha Centauri, um sistema triplo de estrelas, possui a estrela mais próxima do Sistema Solar a 4 anos-luz.
Finalmente, à direita da foto, próximo à nebulosa escura do Saco de Carvão está a constelação do Cruzeiro do Sul, à partir da qual conseguimos determinar o Polo sul celeste e, consequentemente a direção do sul geográfico.
O Parque Nacional Serra da Capivara é um local pouco conhecido que todo brasileiro merece visitar. A percepção de qualquer pessoa sobre nossas origens nunca mais será a mesma depois de conhecer essa riqueza!
Obrigado por compartilhar suas idéias! A intenção deste espaço é promover a comunicação por meio da fotografia!