ALÉM DA FOTOGRAFIA

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A fotografia e minha essência

Câmeras fotográficas e fotografias por si só despertam o interesse de qualquer pessoas curiosa. Na época em que só haviam dispositivos analógicos e não existiam smartphones, esse encantamento era ainda maior. Segurar a ansiedade por ter de aguardar todas as poses do filme de 35 mm terminar, levá-lo para revelação, os negativos e a foto impressa, era um universo incrível! 

Em geral, crianças são curiosas, portanto, encantadas em como aquela máquina transforma o que vemos em uma imagem congelada, impressa em um pedaço de papel. Fui uma criança que viveu isso. Uma das últimas gerações a vivenciar a transição do sistema analógico para o digital.

Com meu amadurecimento a vida me levou por outros caminhos profisisonais e, por muitos anos, a fotografia ficou adormecida em algum lugar da minha alma. Me formei técnico em edificações, engenheiro civil, mestre em geotecnia e construí uma carreira na Agência Ambiental do Estado de São Paulo, a CETESB. Foram muitos anos em que fazer registros fotográficos do meu trabalho, do meu lazer ou da minha família sempre era algo prazeroso, porém se limitava a uma função meramente documental e com somente pequenas noções técnicas sobre regras de composição e o funcionamento da câmera. A fotografia digital e as câmeras modernas podem nos induzir a ser preguiçosos quanto a esse aspecto. Deixar a câmera “decidir” qual a exposição adequada parece ser, a princípio, uma ótima opção. Um engano total.

Em 2014 fiz uma viagem solitária de 8 dias pelo deserto do Atacama. Nem tão solitária assim. Estávamos eu e minha câmera compacta, uma Sony Cybershot DSC-WX9, que eu havia comprado para registrar os lugares incríveis que iria visitar. Queria fazer aquelas lindas fotos que pesquisei em meu planejamento de viagem!

De fato voltei cheio de registros de lugares lindos, alguns quase mágicos, beirando a sensação de não estar no planeta Terra, como a Laguna Miñisque, a fotografia desta postagem. Entretanto, apesar de muitos registros de lugares bonitos, minhas fotos muitas vezes não estavam nem perto de se parecer com aquelas que tinha como referência sobre o deserto. Porque?

Essa pseudo frustração associada a essa indagação iriam mudar completamente minha relação com a fotografia a partir de então. Foram alguns anos estudando por conta própria, pesquisando, errando muito e experimentando, principalmente na fotografia de paisagem em minhas andanças por aí com minha “super zoom” Nikon Collpix B700, substituta da cybershot. Tenho que admitir que toda essa informação desordenada e nem sempre de fontes muito confiáveis fez com que minhas fotografias melhorassem… somente um pouco.

Uma engrenagem fundamental nesse processo foi minha esposa, Cintia, por ter me presenteado com a minha primeira câmera DSLR. Essa ocasião foi uma virada decisiva nessa chave, quando decidi profissionalizar o assunto e passei a frequentar cursos formais, presenciais e práticos de fotografia e tratamento de imagens. Foi como sair do meio de um labirinto escuro e encontrar uma estrada iluminada e pavimentada com placas indicativas de diversas possibilidades de caminhos muito claros a seguir!

A quem intenciona se embrenhar nessa arte, recomendo investir nisso. O Youtube e a internet em geral pode até conter alguma informação interessante para quem está começando, mas também contém muitos aventureiros, informações equivocadas e certezas duvidosas que podem nos levar a caminhos tortuosos e confusos.

Hoje compreendo que as fotografias que produzo são um reflexo da minha alma, uma espécie de portfólio de todas as minhas experiências vividas, traduzidas e eternizadas na forma com que enxergo determinado assunto. É o modo no qual tento expressar minhas diversas facetas utilizando o assunto fotografado como uma tela em branco, esperando que eu intervenha, Enfatizo o verbo “tentar”, pois a busca pela expressão da alma na forma de arte é um processo infinito.

Sinto-me feliz a cada momento em que percebo que esse processo lento avança, tornando essa expresão cada vez menos turva e permitindo que eu torne minha essência cada vez mais palpável aos olhos do mundo. 

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