ALÉM DA FOTOGRAFIA

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Geysers del Tatio

Eu não escondo e, até amplifico, a grande admiração que tenho pelas regiões Andinas. Se vidas passadas são uma possibilidade, assunto sobre o qual ainda ninguém me convenceu, com certeza eu desconfiaria seriamente que fui um nativo sul-americano das nossas terras altas. 

De norte a sul, o entorno à Cordilheira dos Andes é um espetáculo! Considero que conheci muito pouco ainda, mas o que vivi e experimentei nesses lugares mágicos daria para escrever um livro. Como um livro é muito para essa sexta-feira, pincei um lugarzinho muito exótico, surpreendente e abarrotado de ciência planetária para quem gosta. Para quem não gosta, só a paisagem inusitada e os fenômenos naturais que acontecem lá já são suficientes para deixar qualquer pessoa estupefata. 

No alto do Deserto do Atacama (que já é o deserto mais alto do mundo), a mais de 4.300 m de altitude, localizam-se os Gêiseres do Tatio. Infelizmente eu não descobri com exatidão o significado da palavra “Tatio”; algumas referências remetem a “forno” ou “avô”. De qualquer modo, a palavra provavelmente tem origem no idioma Kunza, uma língua morta que era utilizada pelos atacamenhos originários da região. 

Trata-se de um campo geotérmico situado no centro de uma grande região vulcânica no norte do Chile, quase na divisa com a Bolívia e a Argentina, que diariamente provê um espetáculo incrível com a erupção de gigantescas colunas de água quente a dezenas de metros de altura!  

Para aproveitar o ”show” é necessário chegar bem cedo. BEM cedo mesmo, antes de amanhecer, uma vez que as fumarolas seguidas pelos jatos de água se iniciam com o raiar do dia e não duram muito tempo. A parte que não é muito bonita desse processo é o frio. Imagine o que é estar no deserto mais alto do mundo às vésperas de amanhecer, o horário mais frio do dia. Eu peguei – 15°C quando estive lá e, definitivamente, não estava preparado para isso: pensei que fosse perder as pontas dos dedos e dos pés. Nunca senti tanto frio na vida! 

O caminho até os gêiseres também não é um passeio no parque. Chacoalha demais e tem umas curvas bem bizonhas. Quando fui, contratei o passeio em grupo, o que acaba sendo sempre muito chato para mim: o tempo é supercontrolado para permanecer no local e, além disso, eu sempre tenho o azar de pegar guias com um bom humor INSUPORTÁVEL pela manhã. Eu definitivamente não sou uma pessoa matutina. 

Quando fui em 2014, ainda não fotografava profissionalmente. Eu vinha planejando voltar lá há alguns anos, dessa vez com tripé a tira colo, mochila e câmera. Queria muito fotografar o céu noturno também, o mais lindo céu que já vi nessa vida! Estava tudo acertado, passagens compradas e reservas feitas para ir novamente, dessa vez com toda a família, em julho de 2020. 

Além da minha ranzinzice com turmas de turistas, guias bobalhões e tudo o mais que envolva muita euforia, o fato de fotografar torna-se um empecilho para se juntar a esses grupos, ainda mais do jeito que fotografo. Ninguém merece ter um cara no grupo que vai montar um tripé, colocar filtros na objetiva e fazer fotos de longa exposição… é inviável. 

Iriamos por conta própria, uma vez que eu já conhecia o lugar. Havia reservado uma caminhonete 4×4 e tudo o mais, mas a pandemia de COVID-19 destruiu esse projeto. Hoje, quase 3 anos depois, os filhos estão maiores, os custos de viagem triplicaram e, portanto, precisa de muito mais planejamento para voltar…mas eu voltarei e espero poder trazer de lá registros maravilhosos! 

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