ALÉM DA FOTOGRAFIA

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Exploração espacial. E eu com isso?

No dia último dia 20 de abril de 2023 ocorreu o lançamento teste do Starship, o maior conjunto foguete e aeronave projetado pela humanidade até hoje.

O “bichinho” tem 119 m de altura e pesa 5.000 toneladas. Pense na quantidade de energia necessária para suspender um monstro desses e superar a enorme atração gravitacional da Terra. É um desafio de engenharia hercúleo!

O Starship é um projeto da Space X, empresa do controverso Elon Musk. Trata-se de um conjunto composto por um foguete e uma aeronave de grande porte, que em um primeiro momento levará a tripulação da Missão ARTEMIS III da NASA até a Lua, mas tem capacidade para ir muito além, permeando a obsessão que Elon Musk tem em colonizar Marte.

A missão Artemis III marcará o retorno de seres humanos ao nosso satélite natural depois de mais de 30 anos. A última vez que estivemos lá foi em 1972, com a missão Apollo 17.

Muita gente questiona sobre a quantidade de dinheiro investido nessas missões espaciais. Existe um clássico: “com tanta gente passando fome na Terra, por que gastar tanto dinheiro com esse tipo de coisa?” Eu, particularmente, enxergo esse tipo de manifestação um tanto quanto maniqueísta. Preto ou branco. Oito ou oitenta.

Para quem acha que é desperdício de dinheiro eu só vejo duas opções: falta de informação ou limitação intelectual. A primeira é fácil de resolver e acho natural. Já a segunda…. sinto muito. Não há o que fazer.

Há duas razões para as quais eu acredito que a exploração espacial tem um papel fundamental na civilização humana: uma científica e outra de sobrevivência.

A ciência e a engenharia agregadas em muitos objetos e procedimentos que utilizamos no nosso dia a dia foi desenvolvida para resolver problemas associados à exploração espacial: filtros de água modernos, papinhas de bebê, lentes anti-UV, câmeras de celular, GPS preciso, materiais de alta resistência e deformabilidade utilizados na medicina e na construção civil e por aí vai.

Se eu te disser que a possibilidade de detectar calcificações muito pequenas em um exame de mamografia, fundamental para prevenir o câncer de mama, só existe devido às técnicas de processamento de imagens desenvolvidas para o telescópio Hubble, você acredita? Acredite! Mais do que isso, o sensor que faz as imagens do Hubble também permite que biópsias sejam feitas na mamografia utilizando apenas uma agulha ao invés de necessitar de uma cirurgia para isso[1].

Ainda não se convenceu? Ok. Vacinas, técnicas de remoção de tumores, tratamento para osteoporose, procedimentos cirúrgicos robóticos e vários experimentos científicos e desenvolvimento de processos vem sendo realizados na Estação Espacial Internacional (International Space Station – ISS) A microgravidade e condições estáveis e controladas da ISS permitem realizar essas pesquisas em um ambiente que dificilmente conseguimos obter aqui na Terra.

Agora vamos à razão sobrevivência: é certo, dada as leis da física e à probabilidade, que nosso planeta sucumbirá. Se não o planeta em si em um primeiro momento, ao menos a vida se tornará incompatível com futuras realidades. Mesmo que isso não aconteça, a longo prazo e em última instância, a Terra será engolida pelo Sol daqui há alguns bilhões de anos no final de sua vida, quando se tornar uma gigante vermelha.

Vivemos em um sistema incrivelmente equilibrado, com inúmeras variáveis que sustentam a vida. Tantas e tão frágeis que existirmos aqui pode ser entendido por muitos como um verdadeiro milagre. Eu entendo isso.

O eixo de rotação da Terra, a existência, tamanho e distância da Lua, a fina atmosfera que nos circunda, a distância até o Sol, o campo magnético gerado pela fricção entre os materiais existentes no núcleo do planeta, a proteção de Júpiter, gigante atrativo de asteroides e provavelmente inúmeras outras peças encaixadas exatamente no lugar correto, no momento preciso, permitem que presenciemos essa situação a qual chamamos vida!

Entretanto, esse equilíbrio pode mudar. As chamadas mudanças climáticas, principalmente, são o maior fator atual que pode desequilibrar parte dos sistemas que permitem a existência da vida na Terra. Seja ocorrendo por causa das atividades industriais humanas, o que eu tendo a crer, seja apenas por razões naturais como alguns poucos vociferam por aí, o fato é que caso as mudanças climáticas estejam em um processo irreversível é “game over”.

Apesar dessa amedrontadora realidade, não é isso que me preocupa, afinal, talvez por ingenuidade, sempre acho que nos minutos finais do segundo tempo a gente sempre vai ter uma solução para evitar a catástrofe. Tenho 42 anos e já vi muito alarmismo nessa vida sobre situações globais catastróficas que não se concretizaram porque as coisas aconteceram de uma maneira que ninguém havia imaginado.

A exploração de outros planetas e satélites será necessária para garantir que a humanidade não desapareça em um evento como o que dizimou os dinossauros há 66 milhões de anos, a última das 5 extinções em massa que aconteceram nos 4,6 bilhões de anos da Terra. A questão não é SE vai acontecer, mas sim QUANDO.

Obviamente que serão poucos os privilegiados a sobreviver em uma situação como essa. Teoricamente, os seres humanos mais saudáveis e notáveis do ponto de vista intelectual é que deveriam partir para a nova casa, porém…. nós bem sabemos como as coisas funcionam por aqui.

Nesse sentido, a colonização de outros corpos celestes com a construção de abrigos e desenvolvimento de povoados autossustentáveis, que não dependam de recursos enviados da Terra com certeza é um objetivo muito claro para os países que possuem agências espaciais de relevância tecnológica e política.

Se eu estivesse lendo esse texto há 20 ou 30 anos atrás, com certeza soaria muito mais como uma alucinação ou roteiro de ficção científica, mas atualmente, dados os projetos e missões em andamento o que estou dizendo é muito real e já está acontecendo.

Começaremos com a Lua e será a Starship da Space X o meio de transporte. Na próxima década teremos estabelecido bases humanas permanentes lá e, de lá, conseguiremos explorar o sistema solar utilizando uma quantidade muito menor e mais barata do combustível existente em abundância na própria Lua, o Hélio-3, reduzindo custos e acelerando esse processo exponencialmente!

“Estamos voltando e dessa vez é para ficar”

[1] https://spacetoday.com.br/como-a-exploracao-espacial-ajuda-a-lutar-contra-o-cancer-de-mama-space-today-tv-ep-1549/

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