ALÉM DA FOTOGRAFIA

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Legado das Águas

Um dos lugares que não canso de visitar é o Legado das Águas. Eu SEMPRE volto com boas fotografias de lá!

Situado no Vale do Ribeira, Estado de São Paulo, o Legado é a maior reserva privada de Mata Atlântica do Brasil e é administrado pelo grupo Votorantim S.A. Sim! Os “malvadões” da indústria do cimento, alumínio, energia, agregados, plastificantes e afins.

Para que não haja equívoco: acabei de ser irônico.

Além de fotógrafo, sou engenheiro e trabalho com meio ambiente, portanto, duas das coisas pelas quais eu mais zelo nesse mundo são a qualidade ambiental e a qualidade de vida dos seres humanos. Portanto, quando penso em desenvolvimento, penso nos meios tecnológicos, econômicos e sociais necessários para prover cada vez mais qualidade de vida às pessoas, com a maior equidade possível.

Trabalhando com as duas coisas há tantos anos eu também acredito que não existe possibilidade sustentável de manter a qualidade ambiental e a qualidade de vida dos seres humanos caso a balança entre o desenvolvimento e o meio ambiente esteja desequilibrada. É essa equalização entre o ambiente natural e o desenvolvimento econômico e social que é a grande estratégia para prover o que foi cunhado como “Desenvolvimento Sustentável”, termo que já foi tão banalizado e sempre colocado tão fora de contexto que sua utilização na minha opinião se tornou algo bem brega.

Fato é que empresas não gostam de pessoas. Pessoas gostam de pessoas (de vez em quando). Empresas são instituições e como tal, são tão eficientes quanto mais obtém lucro. No entanto, não há exploração dos recursos naturais realizada sem planejamento e/ou a devida mitigação ambiental, que não irá desbalancear a relação ambiente x desenvolvimento, tornando a obtenção de lucro algo insustentável a médio ou longo prazo. Isso é óbvio: se o recurso se
esgota, a empresa vai produzir o que?

É por esse motivo que existe licenciamento ambiental. Não é uma burocracia inútil estatal que serve para atrapalhar o desenvolvimento, como recorrentemente eu ouço ou leio nas grandes e pequenas mídias por alguns “especialistas”, comentaristas de qualquer assunto, de culinária a reator de fissão nuclear. O licenciamento é a forma de autorizar um impacto planejado e previsível, propondo medidas mitigadoras ou compensatórias para que os recursos naturais não se esgotem, ao mesmo tempo que autoriza a realização da atividade econômica, a qual poderá acontecer de forma perene, justamente porque a ausência de recursos não ocorrerá.

De maneira análoga eu vejo na instituição da reserva do Legado das Águas uma iniciativa extremamente inteligente. A propriedade contém nada mais nada menos do que sete usinas hidroelétricas na região do complexo do Rio Juquiá, construídas pela Votorantim desde a metade do século passado para suprir suas altas demandas energéticas.

A aquisição das terras no entorno dos reservatórios foi uma estratégia fundamental para garantir que continuasse existindo a disponibilidade do recurso hídrico, uma vez que caso houvesse degradação ambiental na região, o regime hídrico seria alterado e a disponibilidade de água para geração de energia seria comprometida. A reserva mantém a preservação ambiental e garante a manutenção dos recursos hídricos. É uma sinergia muito bem-vinda!

Paralelamente, com o tempo a Reserva passou a desenvolver parcerias para pesquisas científicas e atividades de ecoturismo com uma infraestrutura invejável e atividades para qualquer tipo de público interessado em desfrutar de momentos em meio à floresta. De crianças a idosos, escolas, famílias, casais (os caras tem uma casa flutuante no meio do lago! Morro de vontade de passar um final de semana lá com a patroa), grupos, etc.

Trilhas, mirantes, atividades aquáticas, atividades astronômicas, pousada, camping e restaurante. Este último com a companhia maravilhosa e colorida da avifauna local, que frequenta dois comedouros próximos a um deck de madeira externo onde é possível fazer as refeições. Para detalhes acesse o site deles: https://legadodasaguas.com.br/

Perdi a conta das vezes que estive lá, mas muitas das minhas melhores fotos foram feitas no Legado. Seja fotografia de animais (principalmente aves), paisagens ou astrofotografia. Até hoje, o meu primeiro e único registro de um meteoro rasgando nossa atmosfera foi feito lá! Um belíssismo meteoro, provavelmente constituído por alguma liga de ferro, dada a cor vermelha do seu rastro.

Eu recomendo, incentivo e confesso que sou suspeito, pois mais do que frequentador sou fã do projeto e das atividades que eles vêm criando.

Visite e me conte 😉

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