Essa é uma pergunta que muito se faz e, de antemão falando abertamente, acredito que seja uma discussão completamente improdutiva.
Já pensei muito sobre isso e a resposta mais clara e objetiva que consigo dar às pessoas é: se algo não pode ser reproduzido em um processo fabril com exatidão, então é arte. Com exceção de algumas situações de estúdio com finalidade comercial, é impossível fazer duas fotos exatamente iguais. Mesmo no caso da fotografia de produto, a produção do cenário, da iluminação e do posicionamento dos assuntos por si só são atividades criativas e, portanto, artísticas.
É compreensível esse questionamento ter tido reverberação na época em que a fotografia surgiu, afinal, onde estavam os pincéis, as tintas e as telas? Tudo que é novo desperta um sentimento de repulsa nas mentes mais conservadoras, o que a princípio não é ruim. Particularemente, minha visão de mundo é conservadora. Sou contrário à destruição do conhecimento e da tradição em prol do “novo”. No entanto, quando o “novo” não foi criado e não tem por objetivo única e exclusivamente destruir o “velho”, sempre acho que vale a pena incorporá-lo. Assim como a ciência, a arte vai se desenvolvendo tijolo a tijolo. Cada artista contribuí para esse universo com seus erros e acertos, deixando um legado a ser observado e considerado pelas gerações seguintes.
A fotografia não acabou com as artes plásticas. O e-book não acabou com os livros. A fotografia digital não acabou com a analógica. Entretanto o e-mail acabou com as cartas. É assim que é. Algumas coisas substituem outras, principalmente quando estamos lidando com a face mais pragmática da vida, no entanto, em se tratando de arte, tudo é passível de incorporação e desenvolvimento.